A partir da segunda metade do século XIX, iniciou-se o neocolonialismo, no qual as nações industrializadas da Europa passaram a ocupar e dominar o continente africano, implantando um grande processo de exploração da África. Esse processo – que está relacionado com o desenvolvimento do capitalismo – encontrou grande resistência em todo o continente africano.
Na segunda metade do século XIX, a Europa sofreu intensas transformações que resultaram em grandes avanços tecnológicos. A indústria europeia passou por um crescimento agudo em decorrência da utilização de novas fontes de energia. Houve avanços também na química, na tecnologia de comunicação, nos meios de transporte etc. Esse desenvolvimento tecnológico ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial.
O desenvolvimento industrial desse período contribuiu para o crescimento e fortalecimento do capitalismo. Uma consequência direta desse processo foi o neocolonialismo, no qual as nações europeias, para dar suporte ao seu crescimento industrial, partiram para a ocupação dos continentes africano e asiático para obter fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores.
Assim, foi iniciada uma verdadeira corrida pela ocupação do território africano. Essa ocupação foi justificada pelas nações europeias como uma missão civilizatória, no entanto, esse discurso tinha como objetivo mascarar o real objetivo, que era impor uma intensa exploração econômica na África.
Uma das consequências desse interesse pelo território africano foi a realização da Conferência de Berlim, reunião que impôs as regras de ocupação e determinou algumas questões relativas ao domínio belga sobre o Congo e sobre a navegação dos rios Congo e Níger. Após a Conferência de Berlim, quase todo o continente africano havia sido ocupado (com exceção de Libéria e Etiópia).
A ocupação do continente africano pelas nações europeias não aconteceu pacificamente. Em todo o continente, explodiram movimentos de resistência que enfrentaram a dominação europeia. A vitória dos europeus sobre esses movimentos africanos ocorreu, principalmente, em decorrência de sua tecnologia superior, que lhe permitiram facilidades de comunicação e armamentos mais modernos.
A seguir, destacamos algumas informações sobre os movimentos de resistência em diferentes partes do continente africano.
Egito
Na década de 1880, o Egito possuía um governo alinhado com os interesses otomanos (turcos) e britânicos. O governo liderado pelo quediva (governante instituído pelos otomanos) Tawfik enfrentou, a partir de 1881, uma revolução encabeçada pelo exército que visava libertar o Egito da crescente influência britânica. A chamada Revolução Urabista foi liderada pelo coronel Ahmad Urabi.
Esse movimento conseguiu destituir o quediva Tawfik. No entanto, Urabi não sabia que Tawfik havia solicitado ajuda aos britânicos. Pouco tempo depois, os britânicos invadiram o Egito (a invasão aconteceu em 1882), atacaram a cidade de Alexandria e derrotaram o movimento liderado por Urabi. A partir dessa derrota, a resistência egípcia foi enfraquecida e o Egito foi ocupado pelos britânicos até a década de 1950.
Somália
A Somália passou a ser disputada por Reino Unido, França e, posteriormente, Itália na segunda metade do século XIX. O interesse pelo país era, principalmente, pela sua proximidade com a Índia e outras regiões importantes da Ásia. Os chefes somalis realizaram uma série de acordos com os europeus com o objetivo de reduzir a influência europeia, no entanto, essa estratégia fracassou e os países europeus estenderam seu domínio sobre o interior da Somália.
Tempos depois, um movimento de resistência relacionado com o conceito de Jihad (guerra santa do Islã) surgiu sob a liderança de Sayyid Muhammad Abdullah Hassan. A luta de Hassan pela libertação da Somália do domínio europeu permaneceu até sua morte, em 1920, e serviu de inspiração patriótica para movimentos de independência que ocorreram mais tarde.