liberdade política, pressuposto indispensável para a formação de uma representação política racional, consiste na participação do povo na formação da vontade política. (ARENDT, 1990, p. 218).
Para avaliar a experiência norte-americana sob a perspectiva da liberdade política resta necessário fazer algumas observações a respeito de fatos e características relevantes para a compreensão da formação de seu corpo político colonial.
O primeiro fato relevante para os fins do presente artigo é que no processo de colonização da América do Norte a metrópole britânica inicialmente não impôs às suas 13 colônias a intensa intervenção econômica e administrativa como ocorreu no caso brasileiro. Segundo Hannah Arendt, ao se constituírem em corpos políticos civis, os colonizadores da América do Norte escaparam do peso e da carga da tradição do direito da monarquia britânica, possibilitando a formação de comunidades fundadas, não em decretos reais, mas sim em pactos entre os colonos que lá se estabeleceram. (ARENDT, 1990, p. 194).
O segundo fato, igualmente relevante, é que, durante o período colonial norteamericano, todas as 13 colônias possuíam um sistema representativo, bem como assembleias coloniais, diferenciando entre si apenas quanto aos períodos das eleições, conforme narram Hamilton, Jay e Madson (2001, p. 275-276).
Dessa forma, verifica-se que no período colonial norte-americano os colonos estabelecidos nas 13 colônias britânicas, de fato, eram participantes do governo colonial, exercendo plena liberdade política a partir de assembleias existentes em cada uma das 13 colônias. (ARENDT, 1990, p. 218).
