Resposta:
escalada” (L’ascension, 2017) , produção original da Netflix, traz à tona, em forma de comédia romântica, um pouco do que é a realidade de uma escalada ao Monte Everest. Com direção de Ludovic Bernard e atuações de Ahmed Sylla e Alice Belaïdi, o filme sofreu algumas críticas dentro da comunidade de montanhistas. Entretanto, grande parte das críticas foram feitas por quem alimenta a fogueira de vaidades do “montanhismo” ao Monte Everest.
A história de “A Escalada” é baseada na experiência real do jornalista de tripla cidadania (francesa, argelina e australiana) Nadir Dendoune que mesmo sem experiência nenhuma subiu, junto de seu sherpa, ao cume da montanha mais alta do mundo em maio de 2008. Para a produção, várias liberdades artísticas foram tomadas pelo diretor e equipe de roteiristas, que fizeram da escalada uma comédia romântica. No filme o personagem é Samy Diakhate (interpretado por Ahmed Sylla) que para provar seu amor por Nadia (Alice Belaïdi) decide ir até o topo do Everest. Ridicularizado por todos, consegue encontrar patrocínio e apoio de uma rádio local para realizar a aventura.
Com várias pinceladas de problemas sociais, como Diakhate viver em um bairro pouco privilegiado, problemas de conseguir patrocínio, diferenças culturais entre nepaleses e franceses, a produção não consegue fugir de sua superficialidade. Mesmo não contendo diálogos artificiais, como é observado em muitas produções de baixo orçamento (“A escalada” custou aproximadamente US$ 6,6 milhões), está longe de ser um filme acima da média. Infelizmente todas as boas intenções, ao abordar problemas sociais, são rapidamente ofuscadas por uma avalanche de piadas juvenis sobre maconha e romances.
Porém nem tudo é ponto negativo na produção. Muito do que a produção consegue mostrar, mesmo que de maneira superficial, é a ausência de objetivos nobres e o mercantilismo à respeito da escalada ao Monte Everest. Aspectos como os preços caros em serviços mal prestados, total desinformação de mídias de massa, além de alto preconceito por parte de muitos jornalistas e repórteres de jornais e televisão, “A Escalada” mostra um lado mais comum de um montanhista do que muitas produções sobre o gênero.
Há de se louvar também o desinteresse em mostrar o desafio como “perigo de vida”, “risco de morte”, “desafio sobre-humano” e outros adjetivos superlativos que jornalistas leigos (que trabalham para revistas superficiais) insistem em ligar ao montanhismo no Everest. Durante vários momentos, a produção diverte, com o personagem descobrindo aos poucos o que são os aspectos de uma escalada em alta montanha. Esta descoberta serve ainda de referência a quem procura conhecer a atividade.