Não espero nem solicito o crédito do leitor para a tão extraordinária e, no entanto, tão familiar história que vou contar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o meu espírito. O meu fim imediato é mostrar ao mundo, simples, sucintamente e sem comentários, uma série de meros acontecimentos domésticos. O sentimento que em mim despertaram foi quase exclusivamente o de terror; a muitos outros parecerão menos terríveis do que extravagantes. Já na minha infância era notado pela docilidade e humanidade do meu caráter. Tão nobre era a ternura do meu coração, que eu acabava por tornar-me num joguete dos meus companheiros. Tinha uma especial afeição pelos animais e os meus pais permitiam-me possuir uma grande variedade deles. Com eles passava a maior parte do meu tempo e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer e os acariciava. Esta faceta do meu caráter acentuou-se com os anos, e, quando homem, aí achava uma das minhas principais fontes de prazer. No amor desinteressado de um animal, no sacrifício de si mesmo, alguma coisa há que vai direto ao coração de quem tão frequentemente pode comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade do homem. Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher uma disposição de espírito que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por animais domésticos, nunca perdia a oportunidade de me proporcionar alguns exemplares das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato. Este último era um animal notavelmente forte e belo, completamente preto e excepcionalmente esperto. Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não era de todo impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falasse deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por qualquer motivo especial, mas apenas porque me veio à ideia. Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predileto e companheiro de brincadeiras. Só eu lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era até com dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua. 7. Observe o trecho do texto "Já na minha infância era notado pela docilidade e humanidade do meu caráter. Tão nobre era a ternura do meu coração, que eu acabava por tornar-me num joguete dos meus companheiros. ", qual é o foco narrativo desse trecho? Ou seja, ele está narrado em qual pessoa verbal?
8. No trecho "Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predileto e companheiro de brincadeiras. " podemos afirmar que em se tratando de classe gramatical, a primeira palavra sublinhada é um substantivo, a segunda é um artigo definido, enquanto a terceira trata-se de
9. Sobre o texto, está correto afirmar que
(A) Tinha uma especial afeição pelos animais, pena que os seus pais não lhe permitiam que os possuísse. (B) Passava a maior parte do seu tempo com os animais e se sentia muito feliz quando lhes dava de comer e os acariciava. (C) Amava animais em sua infância, mas quando tornou-se adulto, a convivência com eles não lhe dava mais nenhum prazer. (D) Casou-se jovem e teve a infelicidade de achar na esposa uma disposição de espírito contrária a dele
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Autor:
ozmdxc
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